Neste episódio a Fastest Brasil representada por sua Diretora de Marketing, e João Pentagna, sócio-fundador da Atingir+, entrevistaram Marcel Demarchi, Publicitário, pós-graduado em Direção de Arte pela Universidade de Belas Artes de São Paulo e fundador do Estúdio DBD.
Marcel tem um carreira longa como designer com desenvolvimento de marcas e embalagens para empresas como Grupo Netshoes, Beleza na Web, Postos Ipiranga, Danone, e Santa Edwiges e montou o Estúdio DDB, da Pragma Comunicação, para poder expressar melhor o seu estilo, sua linguagem e modo de comunicar através do design. O intuito deste episódio foi explicar como agências de Design tradicionais criam e como eles podem se beneficiar com a aplicação do neuromarketing em seus processos criativos.
Marcel comenta que hoje, não utiliza, até por uma questão de verba dos clientes, nenhuma ferramenta de neuromarketing sem seus processos de planejamento para criar marcas, peças e embalagens. Ele cita que existem hoje duas etapas no processo de pré criação – pesquisa e imersão.
O processo que ele utiliza hoje é mais focado na empresa que ele vai atender, o que marca quer transmitir através do produto, e menos no consumidor pois ele acredita que isto está mais relacionado ao desenvolvimento do produto em si.
As pesquisas mais utilizadas são pesquisas de tendências com base em redes sociais, que é onde ele acredita que os consumidores expressam suas vontades e se sentem mais livres para falar.
Cibele pontua que a própria definição de Marketing de entender e atender o cliente final mostra que existe sim um espaço para através do design olhar mais para o que este consumidor quer para que isto se traduza em mais vendas e complementa que as pesquisas de neuromarketing podem ser cruciais para que este desenvolvimento seja mais bem sucedido no mercado.
Ela exemplifica com um case dela, quando trabalhou em uma empresa de água mineral e somente o fato de mudar a embalagem de arredondada para retangular, o que era uma inovação no Brasil, trouxe um incremento de 40% em vendas de um mês para o outro. Isto fez com que a embalagem se destacasse nas gôndolas, aumentou o valor da marca e provou que a embalagem pode ser um diferencial competitivo.
João complementa que, em sua opinião, a embalagem é o principal meio de Comunicação de qualquer marca de Bens de Consumo, pois apesar de ter a sua importância subestimada no orçamento é o meio que tem de longe o maior tempo de exposição junto ao shopper e ao consumidor pois está em contato com eles durante toda a jornada de compra e consumo, desde o despertar da necessidade, da pesquisa, até o descarte.
Em função disto otimizar o trabalho criativo é fundamental para as empresas terem um maior retorno sobre o investimento (ROI) no lançamento de produtos.
João reforça que através de pesquisas de neuromarketing é possível avaliar o impacto emocional que os elementos do design despertam nos consumidores e predizer se o produto vai ter sucesso ou não no mercado. Diante disto ele pergunta para Marcel o que ele como designer faz para otimizar o ROI de seus clientes.
Marcel afirma que ele investe bastante tempo buscando uma melhor performance e cita que em uma gôndola, com os concorrentes lado a lado a informação tem que ser passada em frações de segundo e que sem sombra de dúvidas o neuromarketing pode ajudar neste processo de aumentar o ROI dos conceitos criativos.
Cibele comenta que o neurodesign é capaz de esclarecer porque reagimos melhor a um projeto do que a outro e que nada mais é do que a aplicação de insights de neurociência e psicologia comportamental para a criação de designs mais eficazes.
Em diversas pesquisas de neuromarketing feitas com embalagens ao redor do mundo foi provado que muitas vezes os consumidores prestavam atenção em elementos que não interessavam e que em muitos casos pequenas adaptações, simplificações de layout podem reverter isto e trazer retornos muito maiores.
Marcel cita que sua escola é a minimalista, que busca trazer um design mais simples e com personalidade. Os valores da empresa devem ser passados mas não podem trazer ruído para a comunicação e que sempre existe este risco no que tange às embalagens.
Para exemplificar ele citou um case de uma empresa fabricante de bolos cuja embalagem era flexível e a identificação do sabor ficava localizada em uma área que na exposição ficava despercebida, o que obviamente impactava nas vendas.
Uma mudança simples de trazer o elemento que identifica o sabor mais para o centro da embalagem foi feita e os resultados revertidos.
João contextualiza que no início de sua carreira trabalhou em Marketing desenvolvendo embalagens junto à agências de Design e depois migrou para Trade Marketing onde participava do processo mas ajudando a criticar este trabalho, trazendo uma perspectiva de realidade, do que era aplicável no ponto de venda.
Em muitos casos esta crítica era crucial para o sucesso do projeto e ele pergunta à Marcel se quando ele inicia um processo criativo é levado em consideração esta aplicação na realidade do Varejo. Marcel comenta que o processo criativo contempla algumas etapas, inclusive em uma delas é ter uma amostra física do produto, um mock up, para ter a experiência real do ponto de venda e ele cita também que a experiência no digital é bem diferente do mundo físico.
João reforça com um dado de uma pesquisa recém lançada que informa que 62% das compras na internet são feitas via celular. A experiência em um e-commerce é bem diferente de um ponto de venda físico e ele salienta a importância de se desenvolver imagens hero para o ambiente virtual, principalmente para este ambiente mobile, onde se pode destacar detalhes como a gramatura, por exemplo.
Ele complementa citando que acredita que as agências de Design que começarem a usar pesquisas de neuromarketing para a validação dos elementos vão sair na frente e criar um importante diferencial competitivo. Cibele finaliza contando que não só a embalagem é importante, mas no online, a embalagem da embalagem é um diferencial. Ela menciona que é cliente de uma loja de roupas femininas que envia as roupas embaladas individualmente em papel de seda, perfumadas e dentro de uma caixa bem atrativa.
A experiência tátil e visual do ponto de venda é perdida na internet, mas pode ser recompensada com ações como a citada, que despertam emoções positivas ao receber a compra e, certamente, ocasionando a tão sonhada lealdade.